quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Relato de um Adolescente

Aquele velho Baú que até hoje existe na casa de minha avó (no porão, para ser mais exato) era um grande mistério para mim... A expectativa sempre foi muito grande sobre o que há realmente dentro dele. Para mim, ele não é mais nada do que parte do esquecimento de um passado já vivido e enterrado.

Mas como sempre falavam que existiam vários objetos interessantes, decidi dar um fim nesses pensamentos bobos e na minha curiosidade.

Aproveitando que a minha avó tinha ido à casa de uma amiga e iria demorar bastante, achei que não haveria mal algum se eu fosse dar uma espiadinha neste Baú....rrsrsrsrs
E assim fui meio que cabreiro, mas que como ninguém saberia que eu teria ido lá, eu não teria problemas.
Não sei o que tava preste a fazer, se era errado ou certo, mas a curiosidade me corroia por dentro e somente a minha consciência é que me alertava e acabei indo no porão, mas antes fui até o portão olhar para ver se vinha alguém. Como, ninguém conhecido por perto adentrou ao porão..... rsrsrs

Com cautela entrei pisando devagar, porque ali tinham relíquias de tempos atrás vividos, assim diziam... Muitas coisas antigas de minha avó e de toda a família.
Chegando lá pude perceber que o Baú estava com o cadeado todo enferrujado. Tentei por várias vezes abrir, mas nada... O Baú parecia querer esconder algo!
Mostrou-se firme! Todo aquele esforço foi inútil! Parecia que o tempo tinha deixado suas marcas através das ferrugens...
Por fim, achei um pedaço de ferro no chão do porão e não me contive até realizar o meu desejo repentino... Peguei o tal ferro e me pus a forçar o Baú misterioso ...
Ao abrir, qual decepção!
- Nada vi!
Não conseguia ver nada além de muita poeira e uma névoa pairava no ar... Na hora que levantei a tampa do Baú era puro pó. Tive de esperar a poeira baixar, porque não conseguia nada mais ver e nem respirar direito.

Assim que o pó abaixou pude perceber que havia alguma coisa por lá. A comoção crescia a cada minuto que ali passava... A imaginação do que poderia conter ali dentro me excitava.












Pronto! Acabei encontrando o que procurava!

_ Eram várias cartas, roupas e fotos antigas, vestido de noiva,e algumas jóias.

Para mim aquilo tudo fazia parte de um passado que ela não mais queria lembrar, já que estava lá abandonado.

Mesmo sabendo que nem ali devia estar sem o consentimento de minha avó continuei a remexer em tudo de dentro do Baú. Acabei abrindo e lendo algumas cartas que ali estavam. Li e reli várias vezes... Olhei as fotos e Jóias. Era exatamente como eu imaginava que teria por lá!

As cartas eram de um tal de Paulo, que por sinal, não era o nome do meu avô! Eram cartas que continham uma paixão incrível. Um grande amor vivido por eles dois, minha avó e o tal Paulo!

Mas... Quem era Paulo? Perguntava-me?

- Um antigo namorado?

- Um amante?

- Um amor do passado?

Só quem poderá responder será ela mesma, a minha avó.

Mas, como eu ia fazer tal pergunta? O medo e a vergonha de qual seria a resposta não me deixaram perguntar...

A curiosidade o fez ver o que poderia jamais saber.

Fica uma lição de que não só pela curiosidade soube o que talvez não devesse saber, como que todos nós temos nossos segredos e nossas paixões e devemos respeitá-los.

Respeitar a individualidade de cada um, foi a lição que aprendi.



MAGALI OLIVEIRA
09/10/2008